Tráfego na Internet vira mais uma preocupação para o país

Tráfego na Internet vira mais uma preocupação para o país

 

Com a reclusão de grande parte da população brasileira em suas casas, é natural que a demanda por Internet aumente. Seja para aqueles que estão trabalhando em home office, seja para os que, agora com mais tempo livre, buscam opções caseiras de entretenimento, entre as quais está o consumo de serviços de streaming de vídeos, como séries e filmes, e o uso online de videogames.

Para além disso, existe a necessidade de comunicação e interação entre as pessoas, que tem extrapolado uma mera ligação ou mensagem no Whatsapp: a quarentena tem estimulado encontros por videoconferência.

O aumento do consumo de internet em casa supera a redução do uso da internet das empresas por dois principais motivos: o primeiro é que a quantidade de pessoas que usam a internet em casa é maior do que as que usam no trabalho; o segundo é que o tipo de uso caseiro consome mais dados – serviços de streaming são muito mais “pesados” do que e-mails corporativos, por exemplo.

De acordo com o IX.br, projeto do Comitê Gestor da Internet no Brasil, até a última semana houve um aumento do tráfego na rede brasileira, mas nada fora do normal. A tendência para as semanas seguintes, contudo, com as restrições de circulação ficando mais abrangentes, é a de que a demanda aumente.

“O que estamos percebendo também é uma mudança do perfil de uso de cada horário”, disse Júlio Sirota, gerente de infraestrutura do IX.br, ao portal G1. “Está muito parecido com o dos domingos, com as pessoas iniciando o uso pela manhã, alcançando um patamar constante durante a tarde e um pico pela noite”.

 

Mundo

O aumento da demanda por internet é um fenômeno, assim como a pandemia de coronavírus, mundial. Em todo o planeta, o tráfego via redes IP aumentou em média 40% e consumo de dados móveis subiu em 25%.

A China, origem da doença e primeiro país a sofrer com as medidas restritivas, registrou diminuição da velocidade da rede na segunda quinzena de janeiro, quando o vírus começou a se espalhar de maneira mais intensa por lá.

Na Itália, a redução da velocidade tem ocorrido desde o fim de fevereiro, com maior latência nas conexões. Por lá, o consumo de banda subiu 40% nas últimas semanas.

De acordo com o jornal “La Sexta”, da Espanha, o segundo país mais afetado pelo coronavírus no momento, a tráfego na internet local cresceu até 80%, alçando o país ao quinto lugar entre os maiores consumidores de internet no mundo.

Os principais responsáveis pela explosão do uso de internet na Espanha são:

  • Os serviços de vídeo por streaming, que consumiram 30% a mais do que o usual nas últimas semanas;
  • Os videogames online, cujo uso aumentou 270% e,
  • As videochamadas, que fizeram subir em incríveis 700% o uso de dados no Whatsapp.

Na Alemanha e no Reino Unido, países atingidos pela crise ainda com menor intensidade do que Itália e Espanha, registraram aumento no fluxo de dados que varia entre 10% e 20%.

Nos Estados Unidos, a velocidade da rede também tem diminuído e a latência aumentado.

 

Aumentar a oferta

Já prevendo um maior uso da internet no Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) orientou as operadoras de internet a aumentarem a velocidade oferecida aos usuários.

Algumas operadoras, como Claro e Vivo, concederam bônus para o uso de dados móveis e tem aberto o sinal de canais de TV a cabo – medida que, além de estimular as pessoas a ficarem em casa, pode reduzir a demanda por streaming.

Um dos problemas das redes caseiras, especialmente para quem depende da internet para realizar o trabalho remoto, é que a velocidade de conexão contratada em casa é, normalmente, inferior à do local de trabalho, o que, com uma sobrecarga extra, pode dificultar o exercício das atividades profissionais.

 

Reduzir a demanda

O Grupo Globo, gestor da plataforma de streaming Globoplay, anunciou a redução temporária da qualidade dos vídeos oferecida aos usuários, restringindo formatos que demandem maior uso de dados, como 4K e Full HD. Serviços internacionais de streaming, como a Netflix e a Amazon, já adotaram a medida na Europa e devem seguir o exemplo no Brasil, principalmente com o endurecimento das restrições.

 

Internet vai suportar?

A mera expansão da oferta de velocidade ou franquia de dados, se não acompanhada por uma adequação da infraestrutura e ao aumento da demanda, seria algo ineficaz. Para Sirota, do IX.br, “a internet brasileira é muito robusta” e não deve ter problemas nesse sentido, dada a sua grande “capacidade instalada”.

Em nota enviada ao Consumerista, o SindiTelebrasil, que representa as operadoras de telecomunicações, afirmou que as empresas “estão permanentemente monitorando o uso das redes para garantir a conectividade e o acesso a serviços digitais” e que esse monitoramento “permite implementar rotinas de contingenciamento e redirecionamento do tráfego para mitigar situações e congestionamento”.

O SindiTelebrasil ainda lembrou que “a capacidade das redes de telecomunicações não é infinita”, mas que não foram registrados problemas até o momento.

 

Fonte: www.oconsumerista.com.br